18 de junho de 2011

Just it

                                                                                
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. (Clarice Lispector)

16 de junho de 2011

Eterna Clarice

'Eu conheci razoavelmente bem Clarice Lispector. Ela era infelicíssima... A primeira vez que conversamos eu chorei depois a noite inteira, porque ela inteirinha me doía, porque parecia se doer também, de tanta compreensão sangrada de tudo. Te falo nela, porque Clarice, pra mim, é o que mais conheço de grandioso, literariamente falando. E morreu sozinha, sacaneada, desamada, incompreendida, com fama de "meio doida”. Porque se entregou completamente ao seu trabalho de criar.Mergulhou na sua própria trip e foi inventando caminhos, na maior solidão.'
                              Caio Fernando Abreu.
           
                                                                          
                                                                        

1 de junho de 2011

SOS

   A violência no mundo atual, vem sendo tratada com certo desprezo, pois o comodismo dos cidadãos na sociedade como um todo, está aumentando em uma velocidade gigantesca e desenfreada. as pessoas, infelizmente, não exigem mais dos seus governantes os três pilares mínimos para um mundo melhor: educação, saúde e segurança.
 *Na área da educação, pouco tem sido feito a nível de Brasil. É a tal coisa, um fator leva a outro. Se fossem investidas maciças quantias de capital, em escolas descentes, professores gabaritados para o ensino de jovens e crianças. Os  mesmos, não estariam largados nas ruas, entregues à própria sorte, largados. Simplesmente, querem colocar professores em salas de aula com um giz na mão com a função de salvar o mundo, sendo que seus salários são vergonhosos em comparação com a responsabilidade que possuem.
   A questão segurança, é bem interessante, pois a própria polícia, na maioria das vezes, são os próprios bandidos. Lobos em pele de cordeiro, disfarçados atrás das fardas de agentes da lei. Onde a ambição de ganhar mais dinheiro e consequentemente ser subordinado fala mais alto, compram suas falhas de caráter e ética profissional.
   O quesito saúde, é algo, momentaneamente, deplorável. Contudo, não temos profissionais suficientes na 
área. O país é um dos lugares no mundo onde essa situação é precária. E muitos pacientes morrem antes mesmo de serem atendidos na recepção dos hospitais. Ficam em corredores, ou na enfermaria (que é um privilégio de poucos).
   Enfim, como o comodismo toma conta de boa parte da população, padecemos e tudo que vier estará de bom grado. E nunca reinvidicamos dos políticos suas falsas promessas e os fazemos cumpri-las. Cercados de conforto, apenas empurramos toda essa situação com nossa barriga, enquanto o caos cresce porta à fora de nossas casas.